O romance onde é contada a história de um escritor decadente, que enfrenta uma crise financeira e emocional num Rio de Janeiro que colapsa, acabou de chegar às bancas, mas não é a novidade que o qualifica para constar da lista dos livros a destacar este ano.
Chico Buarque, como é conhecido Francisco Buarque de Hollanda, ganhou o mais importante dos prémios lusófonos, o Prémio Camões, em maio deste ano. Autor de obras de grande qualidade em vários géneros literários, como a poesia, a dramaturgia e sobretudo o romance, Chico Buarque vem a Portugal no dia 25 de abril do próximo ano receber o Prémio. Em outubro, o Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, não via a assinatura do diploma de entrega do Prémio Camões como uma prioridade, adiando-a para um eventual segundo mandato, que terminaria em 2026. A isso, Chico Buarque respondeu: “A não assinatura do Bolsonaro no diploma é para mim um segundo Prémio Camões”.
Feito o contexto sociopolítico, o livro que tem como protagonista Manuel Duarte – de apelido sonoramente semelhante ao do autor – ganha mais peso. Manuel está encalhado num deserto criativo e sentimental. A história é contada por meio de pequenos capítulos de diário, onde aparecem as várias ex-mulheres, as dívidas, e um filho. Tudo acompanhando a atualidade carioca e brasileira.
O músico e escritor brasileiro tem toda a obra publicada em Portugal pela Companhia das Letras. Fica com a leitura do início do livro, no podcast da editora Companhia das Letras, no Brasil.